Posted by : Sandy Hime sexta-feira, 29 de março de 2013


3º Lugar: Livia Perezini Leite


As doze baladas se foram, o mundo estava quieto, quieto demais para seu gosto. O homem de cabelos pretos de corte estilizo, olhos prateados e pele branca observava o mundo abaixo de si. Suas roupas pretas eram um disfarce perfeito, calças presas por correntes que se penduravam em sua cintura, camisa, sobre tudo, coturnos e luvas. Ele era um vampiro, um dos últimos. A humanidade cresceu evoluiu e com isso aprendeu a matar toda e qualquer criatura diferente deles, “por que tão chatos?” indagou enquanto olhava sob a pele as veias de um casal que passava. Ele estava agachado sobre uma gárgula no último andar de um prédio, ficou em pé para olhar melhor o horizonte, em seu equilíbrio perfeito pulou para a gárgula de baixo e depois para o chão. Caiu como um felino, leve e sem perder a pose. Não preocupou-se com quem estava em volta, a cidade estava praticamente vazia mesmo ele não tinha com o que se preocupar.
Andou pela causada molhada por causa da chuva, a Lua era sua companheira noturna e o caixão apertado o diurno. Com as mãos nos bolsos do sobre tudo preto de couro macio, ele andou três quadras atrás de algo para comer. Os humanos estavam espertos, sabiam que nem todos os predadores da noite tinham sido exterminados nas caçadas passadas e por isso evitavam sair de noite. O vampiro viveu anos sem nome, após perder todo seu clã achou que ter algum nome não faria importância, não teria quem chamá-lo pelo nome. Era tão rápido que suas vitimas nem sequer o viam, apenas a policia na manhã seguinte viam os rastros de seu ataque. Nunca era pego, nunca passava tempo demais em uma cidade, jamais se permitiu andar em grupos novamente, era um caçador solo e trabalhava melhor assim.
A Lua estava vermelha, uma grande bola sangrenta pairava no alto do céu. O vento sussurrava palavras de cuidado, alguns insetos faziam ruídos insignificantes, as luzes da cidade estavam em sua maioria acesas. Os galhos dançavam com o vento, as folhas das árvores criavam uma nevasca verde escuro – quase negra -, alguns galhos secos batiam nos vidros das janelas criando sons e imagens assustadoras, fazendo as crianças se encolherem de baixo dos cobertores. Era quase uma noite de Halloween.
Fazia uma hora que o vampiro estava andando pela cidade e sua atenção foi roubada por uma figura frágil em na frente de uma janela, uma jovem. A luz de seu quarto estava acesa, fazendo assim o homem notar os cabelos castanhos claros,seus olhos também eram castanhos claros, mas isso ele não notou, a pele branca e de aparência macia. Ela vestia uma camisola branca de seda assim tendo as curvas do corpo desenhadas pelo tecido. O vampiro ficou curioso com a tal figura. Ele deu alguns passos para frente e depois saltou para a varanda do quarto da moça, observando cada movimento. Havia uma porta de vidro que dava entrada, ele abriu-a devagar e sem produzir ruído nenhum.
O quarto da moça era simples, uma cama daquelas com cortinas para proteger dos mosquitos, forrada com roupas de cama de cor branca, no pé da cama existia um baú de madeira escura com detalhes de tinta azul cobalto. Um armário no canto da quarto, uma penteadeira e uma poltrona completava a mobilha. As paredes estavam cobertas com papel de parede floral, com pequenas rosas que em conjunto formavam uma borboleta dourada e o fundo do papel de parede era marrom, dois tons da cor um mais claro e outro um pouco mais escuro. O chão era de madeira, com alguns tapetes em locais específicos como por exemplo debaixo da cama com as bordas a mostra.
A luz do quarto apagou-se ficando iluminado apenas pela luz do luar, um cenário perfeito. A moça estava de pé em frente da penteadeira alisando os longos cabelos com os dedos, quando algo tocou sua cintura. Ela virou-se assustada para ver quem ou o que era, deparou-se com um homem bonito, de olhar sedutor, aparência misteriosa porém calma, ele era alto por isso a moça teve que levantar a cabeça para vislumbrar tamanha beleza.
- C-como entrou aqui? Q-quem é vo-voc...
A pergunta não foi completada, pois o homem avançou alguns passos e colocou o dedo indicador nos lábios da moça assim fazendo-a se calar.
- Não me dou ao luxo de ter dizer quem sou... – ele sussurrou com a rouca e sedutora que tinha – Não me darei ao luxo de te dizer o nome que tive.
Ele avançou mais deixando seu corpo colado ao dela, a moça devia ter ido para trás, porém o móvel não deixava e acabou que ela sentou no encosto baixo da cadeira da penteadeira. Seus olhos estavam focados nos deles, pequenos tremores e arrepios percorriam todo seu corpo. Um sorriso brotou nos lábios do homem e ele tirou o dedo indicador da boca dela.
- Você provavelmente sabe o que sou – ele comentou – e deve saber o que vim fazer.
A moça em transe assentiu.
- Leve-me com você, caçador das sombras.
Uma risada leve e sem humor escapou da garganta do vampiro. levá-la com ele? Mas de onde aquela humana tirou aquela idéia tão ridícula? Deveria ser fruto da hipnose que ele estava provocando nela. Sua mão esquerda escorregou pelo braço da mulher, rumando para a cintura e depois para suas costas. Ele a fez acompanhar seus passos, um de cada vez a mulher o seguia. Com as costas encostadas na parede, ela viu o vampiro sentir o cheiro de seus cabelos e depois, com o rosto próximo ao seu pescoço, de sua pele. Ele passou a boca em seu pescoço fazendo a mulher erguer a cabeça e inclina-lá para trás. Passou de leve a língua na pele dela, queria brincar com o alimento naquela noite.
Ele passou alguns minutos entretido em lamber o pescoço da mulher, quando dando pequenos beijos selou um beijo nela. Demorou para ser correspondido, chegou até a quebrar a hipnose. Abraçados, os dois rodopiaram pelo quarto até deitarem na cama. O vampiro ficou por alguns momentos sobre a mulher, mas logo levantou-se. Em pé na frente dela, ele retirou o sobre tudo e depois desabotoou a blusa, seguindo por tirar as luvas. Voltou a deitar-se sobre a mulher, passando suavemente as costas na mão no rosto dela. Aquele era um jogo, ela não estava mais sobre o transe, passou a reagir ao toque do vampiro por conta própria.
Os dois se abraçaram e se beijaram. Em total sincronia dos movimentos, uma humana realmente diferente. Não gritou e nem o negou, ela o queria mais do que o próprio vampiro desejava seu sangue. Os orbes se encontraram, por um momento pareceu que o prata e o castanho claro viraram uma cor única. Tendo os braços segurados acima da cabeça, a mulher soltava gemidos abafados enquanto recebia caricias do vampiro.
A língua do homem invadiu a boca da mulher, e depois ele a mordeu. Doce... O gosto de seu sangue era um dos melhores que já provou. Queria tê-la para sempre, mas não podia. Um beijo sanguinário. Ele passou a boca suja de vermelho no pescoço da mulher, depois novamente lambeu e então finalmente a mordeu.
Um misto de dor e prazer.
Ele sugou cada gota, sentia a mulher se mexer debaixo dele. A mão dela repousada em suas costas e a dele em sua cintura. Ele deslizou as mãos por corpo, levantou um pouco a camisola branca. Tocou a pele.
A chuva voltou a cair, deixando o cenário mais denso. Alguns relâmpagos iluminaram o quarto, assim dando realçando a tatuagem com o desenho de dois X no braço esquerdo.
Morta...
A jovem de pele branca estava coberta por sangue. Com as unhas o vampiros cortou sua pele e a deixou na cama como lixo. Era só mais uma refeição, não passava disso. O lençol branco agora estava tingido de vermelho.
- Foi bom enquanto durou. – comentou o vampiro passando a língua nos lábios e depois lambendo os dedos sujos de sangue.
Ele saiu de cima da jovem, dando um beijo em sua testa. Arrumando a blusa, ele pegou o sobre tudo que estava no chão e depois colocou as luvas. Antes de sair do quarto, ele deu uma leve olhada para trás seus orbes cinzas brilharam com a claridade provocada por um relâmpago. A janela ainda estava aberta, dando passagem para a chuva que caia.
Já parcialmente molhado, seus cabelos estavam grudados no rosto dando um ar muito sexy. A água escorria pela sua face branca, explorando cada local. Com as mãos nos bolsos do sobre tudo, o vampiro caminhou pela rua vazia. Solitário tendo a Lua como amante.
Anos se passaram, o vampiro continuou atacando. Nunca se esqueceu da jovem de pele branca e macia daquela noite. Ele observava a cidade naquela noite de Lua nova quando seus olhos se arregalaram. Pensou ter visto a jovem correndo na rua, mas não, era um jovem. Cabelos da mesma cor, o rosto era muito parecido. O vampiro pulou, descendo até chegar na rua.
- Hey você. – o vampiro chamou a atenção do garoto que estava alguns passos a sua frente.
- Pois não? – apesar de parecer estar espantado, o menino não perdia o ar de gentil.
Notando mais de perto, o garoto tinha os olhos da mesma cor, as feições extremamente parecidas. A aparência frágil, deveria ter o sangue do mesmo gosto também. O caçador da noite teria outra noite prazerosa.



É isso pessoal! Esse foi o texto maravilhoso da Livia!  O próximo post será sobre uma de suas fanfics: Suzerain!
Beijos e até a próxima!
Sandy Hime

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